Como a pandemia de COVID-19 afeta os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Como a pandemia de COVID-19 afeta os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

É tempo de mudança! A pandemia de COVID-19 trouxe consequências para todas as áreas da sociedade. Além de afetar nossa vida, nossos negócios, tratá efeitos negativos aos objetivos de desenvolvimento sustentável.

Veja no infográfico abaixo, as consequências da pandemia em cada um dos objetivos e suas relações. Para baixar o Infográfico clique aqui.

 

Esse infográfico foi adaptado de material desenvilvido pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU.

Transição para a sustentabilidade nos negócios

Transição para a sustentabilidade nos negócios

Em uma realidade cheia de desafios socioambientais, as empresas sofrem uma pressão crescente para assumirem uma transição para a sustentabilidade nos negócios. Porém, abraçar a sustentabilidade como marca de um negócio não é algo simples, exige tempo, planejamento e um entendimento profundo do tema.

Nesse artigo vamos abordar a sustentabilidade com um olhar voltado para os negócios. Vamos discutir a necessidade das empresas se envolverem em uma transição para a sustentabilidade, quais os fatores que levam as empresas a mudarem de rumo e que aspectos são essenciais nesse processo.

Sustentabilidade: o tema do século XXI

Quando se fala em sustentabilidade, normalmente vem à cabeça os conceitos de equilibrio e harmonia relacionados ao meio ambiente. Ou seja, respeitar os limites do planeta ou do meio no qual se está inserido. 

Porém, sustentabilidade pressupõe uma discussão sobre o tipo de sociedade que temos e que queremos para o futuro. Envolve ética, integridade, responsabilidade, respeito ao outro e cuidado com o meio ambiente. Vai além da discussão sobre os recursos naturais. Envolve um compromisso com as futuras gerações.

E, quanto mais essa discussão evolui em uma sociedade, mais as empresas precisam se mobilizar e adequar suas atividades 

As tendências globais que estimulam mudanças 

São muitos os fatores externos que têm impactos internos nas empresas e que pressionam por uma transição para a sustentabilidade nos negócios. Aqui vamos falar de 3 importantes tendências globais que geram grande pressão: as mudanças climáticas, o aumento demográfico e a mudança no poder econômico.

  • As mudanças climáticas podem gerar impactos imprevisíveis e dramáticos nos ecossistemas, pressão sobre os sistemas urbanos e escassez de recursos naturais;
  • O aumento demográfico, seja pelo crescimento populacional ou pelo aumento da expectativa de vida das pessoas, pode gerar maior fluxo de pessoas, maior demanda de produtos, mais consumo de recursos e mais lixo;
  • A mudança de poder econômico, com o crescimento de uma classe média com melhor poder de consumo em países como a China, a Índia e países do hemisfério sul, podem transformar os polos de concentração de riqueza, possibilitar inovações para o crescimento sustentável, aumentar o consumo e gerar novas oportunidades de negócios.

Essas tendências e tantas outras, tais como a urbanização, o declinio dos ecossistemas, a escassez de recursos, entre outras, não podem ser vistas isoladamente. Cada uma delas faz parte de um todo maior com grandes interrelações. O desequilíbrio do sistema gera mais pressão à sociedade e às empresas por mudanças transformacionais significativas.

Os drivers de internalização das mudanças nas empresas

Normalmente, quando os fatores externos estão em desequilíbrio, a empresa pode ser afetada em suas receitas, em seus custos ou até mesmo, em novos riscos. 

Os fatores externos são internalizados na empresa a partir de 3 drivers: regulamentos e normas, ação das partes interessadas, e dinâmicas de mercado.

A partir do momento em que a sociedade se dá conta de que a forma como vivemos é insustentável e de que há uma necessidade eminente de mudança, ela mesmo exerce pressão para que as empresas mudem. 

Hoje, vemos uma quantidade crescente de consumidores que querem saber a origem dos produtos, se sua produção é justa e responsável. E isso tem mudado a dinâmica dos mercados, com os produtos e serviços sustentáveis crescendo a olhos vistos.

Mas não são só os consumidores que cobram por sustentabilidade nos negócios. Nessa mesma onda, os colaboradores querem trabalhar em empresas com valores  mais claros. Além disso, os próprios investidores cobram por resultados mais consistentes e duradouros que práticas insustentáveis não podem oferecer.

E por fim, essa mudança na cultura de consumo e no comportamento dos agentes envolvidos desencadeia uma ação mais efetiva por parte dos governos, que propõem regulações mais rigorosas.

Esse conjunto de fatores acelera a incorporação de conceitos de sustentabilidade nos negócios. Esse  é um processo que já está em andamento também no Brasil. Mais cedo ou mais tarde, essa vai ser a única realidade aceita no ambiente dos negócios. 

A empresa sustentável

A sustentabilidade nos negócios tem a ver com o equilíbrio entre as responsabilidades econômicas, sociais e ambientais. Empresas sustentáveis assumem um novo modelo de pensar e fazer negócios voltado para o respeito ao outro e o cuidado ao meio ambiente. Elas operam em favor de todos os interessados, ​​atuais e futuros, garantindo a saúde e a sobrevivência a longo prazo do negócio e benefícios econômicos, sociais e ambientais à sociedade.

A sustentabilidade é incorporada à estratégia da empresa influenciando missão, visão, estratégias, objetivos e metas. O novo modelo de negócio visa causar impacto positivo e partilhar o valor gerado com todos os envolvidos. A empresa passa a valorizar o lucro que vem em benefício das pessoas e do ambiente.

Na prática do dia a dia, a sustentabilidade se estabelece de diversas formas: na relação ética com clientes e fornecedores; na promoção da inclusão e da qualidade de vida das pessoas e das comunidades; na preservação ambiental e cultural das regiões, gerando resultados positivos para toda sociedade, hoje e no futuro.

A sustentabilidade e as novas oportunidades

A integração da sustentabilidade nos negócios abre uma janela de novas oportunidades. Falamos sobre isso em um artigo anterior.

A empresa passa a olhar mais para dentro de si de forma a encontrar a autenticidade e verdade na relação entre o que diz e o que faz. Com isso, sua reputação melhora, conquista novos clientes e amplia mercados. 

Operacionalmente, há uma melhoria de processos, economia de recursos naturais, diminuição de custos e aumento da eficiência da empresa.

Além de tudo, a empresa pode criar novos produtos que incorporem o valor da sustentabilidade como resposta aos desafios socioambientais emergentes.

A estrutura para incorporar os conceitos de sustentabilidade nos negócios

A Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável proposta pela ONU é considerada uma estrutura única para incorporar os conceitos de sustentabilidade nos negócios. Esse projeto é resultado de  um esforço histórico com consenso global. Ele uniu um trabalho extensivo e sem precedentes de multiplos agentes em torno de melhores condições de vida para a humanidade. 

A Agenda 2030 é considerada uma ferramenta universal e ambiciosa pois olha para a realidade de países em desenvolvimento. É um recurso detalhado em 17 objetivos principais, 169 metas específicas e mais de 200 indicadores. Tem um caráter transformativo pois propõe a transformação radical de nossos principais sistemas econômicos.

Se você quiser conhecer melhor essa estrutura, é só baixar nosso ebook aqui. 

Boa leitura!

Empresas com propósito: o sucesso está no engajamento das pessoas

Empresas com propósito: o sucesso está no engajamento das pessoas

O mundo está cheio de desafios e as pessoas esperam que as empresas façam parte da solução. Por isso, empresas com propósito têm se destacado nos últimos anos. Pesquisas indicam uma ligação direta entre as empresas orientadas por um propósito e o sucesso financeiro de longo prazo. Veja uma das pesquisas aqui .

Entretanto, fica a dúvida: Por que isso ocorre? Qual a importância do propósito no sucesso da empresa? Essas são perguntas que empreendedores e líderes estão discutindo todos os dias.

Nesse artigo vamos abordar essa temática. Vamos identificar os fatores que levam uma empresa a definir um propósto e discutir por que as empresas orientadas por um propósito têm melhores resultados de longo prazo.

Propósito: a contribuição da empresa para o mundo

Os desafios socioambientais atuais são cada vez mais amplos e complexos. O ritmo das mudanças tem sido maior do que a capacidade dos governos de lidarem com a situação. Com isso, a sociedade tem olhado para as empresas como a liderança necessária para abraçar as responsabilidades de atuar proativamente em prol da sociedade. Assim, muitas empresas têm respondido a esse chamado e orientado suas ações por um propósito maior do que seus objetivos comerciais.  

Em um nível pessoal, propósito é o que dá sentido a nossas vidas e nos move adiante. Propósito é aquilo que nos faz acordar mais motivados para ir trabalhar, não apenas porque estamos sendo bem pagos, mas porque sentimos que fazemos diferença no mundo. 

Na empresa, o propósito é o “por quê?” de uma organização, a razão de sua existência – além de obter lucro. O propósito é a declaração de como a empresa pretende contribuir para o mundo. Ele  olha para as necessidades da sociedade e surge com uma proposta de valor. É a base na qual muitos negócios transformacionais são construídos. Portanto, o propósito orienta as escolhas de responsabilidade social corporativa da empresa.

Hoje, os lideres estão percebendo que ter um propósito claro e agir de acordo com ele pode ter um efeito significativo em muitos de seus indicadores importantes. O que é uma coisa boa, porque todos os agentes envolvidos querem saber que estão gastando seu tempo e seu dinheiro apoiando empresas que atuam pela sustentabilidade. 

O que é e o que não é propósito 

Ser focado no propósito não é tarefa fácil. Em geral, ele está integrado no coração das organizações, embora esteja mais explícito em organizações sem fins lucrativos que defendem uma causa. 

Entretanto, propósito não é uma causa. Causas são passageiras, muitas vezes fruto de oportunidades inoculadas na empresa de fora para dentro. Propósito, ao contrário, é fruto da própria história da organização. 

Propósito não é posicionamento. Posicionamento reflete um ponto de diferenciação, propósito expressa um ponto de vista. Posicionamento é competitivo, propósito é distintivo.

Propósito é muito diferente de missão e valores. O propósito é mais profundo do que a estratégia, é a razão pela qual a empresa existe, além de ganhar dinheiro. É o que a empresa defende, o que a diferencia dos concorrentes e que se revela em todas as ações, de forma consistente, para funcionários, clientes e todos os demais envolvidos.

  • Propósito é a sua razão de ser, algo que não muda com o tempo (mas pode inspirar mudanças);
  • Missão é o que sua empresa faz;
  • Estratégia é o planejamento para atingir metas; e
  • Valores guiam a forma como a estratégia e a missão são executadas

O propósito vai além da missão da empresa. Veja a seguir as diferenças específicas entre missão e propósito:

MISSÃO

PROPÓSITO
O que nós fazemos Por que nós fazemos
operando um negócio partilhando um sonho
Inspiracional Aspiracional
cria adesão transmite propriedade
fornece foco alimenta a paixão
construindo uma empresa construindo uma comunidade
colocando tijolos construindo catedrais
estacionando carros criando felicidade

 

Em suma, propósito é o significado maior que organiza todos os outros relacionados a uma marca corporativa. O propósito nasce da alma da organização: a matéria-prima simbólica responsável pela sua fundação, o sonho original que inspira a sua existência. E está enraizado nos sonhos de seus fundadores, aquilo que torna a empresa autêntica e indispensável para o mundo.

Os fatores que mostram a necessidade de ações orientadas por um propósito

O pacto social entre as empresas e a sociedade está mudando e são 4 os fatores que levam a essa mudança:

  • A natureza global dos desafios que a sociedade enfrenta e a natureza global dos negócios em si: o desafio mais urgente é a mudança climática, mas outros desafios sociais, econômicos, políticos e ambientais estão muito bem resumidos nos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU . Essas questões criam riscos sistêmicos que tornam vulneráveis os sistemas empresariais e financeiros nos quais confiamos.
  • Os desafios e oportunidades presentes nas novas tecnologias: a tecnologia tem se desenvolvido muito mais rápido do que as regulamentações, leis e normas conseguem acompanhar. Isso traz riscos aos negócios, mas também oportunidades de surgir novos modelos de negócios e transformações nos modos de trabalho.
  • A crescente natureza intangível das empresas: Os ativos das principais empresas passaram de 83% tangíveis (edifícios, instalações, máquinas) para 87% intangíveis (marcas, patentes, propriedade intelectual). Isso torna a aplicação das ferramentas econômicas tradicionais da política e regulamentação da concorrência cada vez mais irrelevantes.
  • A percepção dos negócios na sociedade como um todo: A confiança nas instituições é essencial para o progresso social e econômico.Criar uma maior responsabilidade nas empresas por seu impacto nas pessoas e no planeta é essencial. É preciso tomar medidas para lidar com as crescentes preocupações em torno dos impactos externos dos negócios em relação à desigualdade social, meio ambiente, concorrência, proteção do consumidor e privacidade nos mercados digitais.

As vantagens de uma empresa com propósito

São muitas as vantagens de se ter um propósito claro para a empresa. Aqui estão cinco principais benefícios orientados a propósitos que todo líder deve ter em mente ao pensar no futuro.

  • Empresas com propósito geram lucros mais saudáveis: Há muitas evidências de que as empresas com clareza de propósito superam o mercado em uma proporção de 9: 1 durante um período de dez anos. Em outras palavras, empresas significativas impulsionadas por um objetivo maior aumentam os lucros. Empresas com propósito superam o mercado de ações em 133%, ganham 46% mais participação na carteira e alcançam resultados que são o dobro das demais marcas. 
  • Empresas com propósito ganham uma vantagem competitiva: A transformação liderada por propósitos já está na vida das pessoas – e nesse ambiente, a vantagem competitiva é a execução e a velocidade. O propósito da empresa fornece o alinhamento e a clareza em toda a organização para permanecer ágil, reagir rapidamente e se mover como um todo orgânico, reduzindo a burocracia corporativa, mantendo todos focados nos mesmos objetivos.
  • Empresas com propósito aumentam a lealdade dos funcionários e dos clientes: As pessoas são a parte mais importante de qualquer negócio. O propósito motiva os funcionários e faz com que se sintam parte da marca. Isso é motivador e promove o engajamento dos funcionários. Da mesma forma, o propósito autêntico, relevante e diferenciado envolve, excita e satisfaz o público, interno e externo. Ele torna-se um poderoso motivador de comportamentos pois ao olhar para a sociedade, se conecta às pessoas em um nível profundamente humano.  Quando o propósito está no centro dos negócios, os clientes podem se envolver com essa ideia central e criar impacto social em qualquer ponto de contato. Essa conexão converte usuários únicos em clientes fiéis.
  • Empresas com propósito atraem o melhor talento: Sendo todos os parâmetros iguais (remuneração, benefícios adicionais, etc.), o poder do propósito da empresa pode fazer toda a diferença na atração e na permanência de talentos de topo. 
  • Empresas com propósito criam uma cultura de excelência: A clareza de propósito requer uma mistura cuidadosamente elaborada de pessoas, comportamento e visão. Definir e estabelecer um propósito na empresa é um processo que demora tempo. Cultivar uma cultura interna de excelência é o que está no coração do propósito de uma empresa, irradiando de dentro para fora um objetivo em comum.
  • Empresas com propósito melhoram sua reputação e conquistam novos clientes: As marcas que cumprem consistentemente sua promessa e colocam em prática suas intenções por meio de negócios e estratégia de marca, constroem e sustentam sua reputação e crescem com o tempo.

Como encontrar o propósito da sua empresa

O autor Simon Sinek afirmou que “As pessoas não compram o que você faz, elas compram o por que você faz”.

Colocar o propósito no centro dos negócios ajuda a orientar as decisões comerciais e garante autenticidade a todas as ações. Isso atrai o interesse das pessoas.

Para encontrar o propósito da empresa e torná-lo ativo no dia a dia do negócio, é importante fazer os seguintes questionamentos:

  • qual o motivo da marca existir? 
  • qual papel ela desempenha na vida dos clientes? 
  • que tipo de soluções ela oferece?
  • como o mundo seria diferente sem ela? 

Com as respostas de cada uma das perguntas, será possível ver um padrão que o levará ao propósito comercial.

Exemplos de propósitos de marca:

Tesla: Acelerar a transição mundial para o transporte sustentável.

Nike: Trazer inspiração e inovação para cada atleta do mundo. Se você tem um corpo, você é um atleta.

Starbucks: inspirar e nutrir o espírito humano – uma pessoa, uma xícara de café e uma comunidade de cada vez.

Google: Organizar a informação mundial e torná-la universalmente acessível e útil.

Coca-Cola: Refrescar o mundo e inspirar momentos de otimismo e felicidade.

Wallmart: Vender por menos para as pessoas viverem melhor.

Dove: Criar um mundo onde beleza seja uma fonte de confiança e não de ansiedade.

Red Bull: Revitalizar corpo e mente.

Pinterest: Ajudar milhões de pessoas a serem mais criativas todos os dias

Havaianas: Levar a alegria de viver do brasileiro;

Graco: Ajudar os pais na criação dos filhos;

Nasa: Levar o homem para o espaço;

Disney: Levar magia para a vida das pessoas.

 

Consumo consciente: voluntários contribuindo para a sustentabilidade da vida no planeta

Consumo consciente: voluntários contribuindo para a sustentabilidade da vida no planeta

Você já percebeu que as expectativas dos consumidores estão mudando? Já reparou que muitas pessoas estão deixando de lado o supérfluo e adquirindo hábitos de um consumo mais consciente?

O tema desse artigo é  o consumo consciente, que pode ser entendido também como consumo responsável, ou consumo sustentável.

Primeiro vamos avaliar o que tem levado tantas pessoas a mudarem seus comportamentos de consumo. Depois vamos abordar o que significa comprar de forma responsável. Então vamos identificar os princípios desses novos consumidores. Por fim, vamos ver de que forma as empresas estão reagindo a isso e como essa nova realidade pode trazer benefícios para todos, especialmente para o planeta. 

A nossa relação com as compras

O ato de comprar, ou seja, adquirir um bem, é um meio de atingir um fim. Em outras palavras, compramos algo para satisfazer a uma função específica: comer, vestir, transportar, comunicar, divertir e tantas outras.

Entretanto, a forma como consumimos bens e serviços interfere significativamente na nossa vida, mas também na de outras pessoas e especialmente do planeta

Muitas vezes nos focamos em supérfluos, com o intuito de satisfazer nossas vontades. Com essa atitude, estamos nos comportando de forma egoísta. Isso por que acabamos concentrando uma série de recursos naturais e transformados que poderiam suprir a necessidade de outras pessoas. 

Esse é o modelo de consumo predominante na atualidade e essa prática tem se mostrado insustentável. Grandes desperdícios, excesso de embalagens, lixo em demasia, plástico nos mares, são o retrato desse consumismo desenfreado que tem chamado a atenção de muita gente.

A mudança de paradigma de consumo

Uma grande parcela da população já se deu conta de que esse padrão de consumo é insustentável e que precisamos reagir a isso.

As mudanças climáticas, a degradação do meio ambiente e as grandes desigualdades sociais estão motivando mudanças comportamentais importantes. Muitas pessoas têm se sensibilizado com essa situação e reconhecido suas responsabilidades em mudar esse panorama. Consequentemente, é crescente a onda de consumidores responsáveis que, aos poucos, podem provocar uma mudança de paradigma de consumo e de produção. Ou seja, a atuação de consumidores conscientes é, sem dúvida, o início de uma virada para o consumo e a produção responsável e sustentável.

O consumo consciente

O consumo consciente é uma forma de consumo que leva em consideração os fundamentos do desenvolvimento sustentável. Ou seja, consumo responsável é um conceito amplo que possui uma dimensão ambiental, econômica, social e de saúde. Não envolve apenas deixar de comprar, mas sim escolher com cuidado o que está sendo adquirido. 

Na realidade, o consumo responsável é variável, pois depende da sensibilidade dos consumidores. Alguns consumidores responsáveis ​​se concentram no lado ecológico de seu consumo, tentando escolher produtos sazonais, orgânicos e ecológicos. Eles também reconhecem os impactos ambientais associados aos diferentes estágios dos produtos (desde sua produção, transporte e descarte) e tentam comprar aqueles com menor impacto.

Outros se concentram no impacto que suas escolhas terá na economia, escolhendo produtos produzidos localmente. Também existem aqueles que escolhem seus produtos ou serviços  vinculados a uma força de trabalho que possui salários e condições de trabalho justos. Além disso, existem aqueles que observam se esses produtos são positivamente bons em qualidade, durabilidade e, se observam  questões como saúde e segurança tanto de pessoas como de animais. 

Em suma, o ponto essencial do consumo consciente é estar ciente dos impactos do consumo nesses vários critérios e agir para torná-lo mais positivo. Por isso, o consumidor consciente  busca o equilíbrio entre a sua satisfação pessoal e a sustentabilidade. Suas escolhas de consumo procuram maximizar as conseqüências positivas e minimizar as negativas. Portanto, entram na balança de decisão as consequências  para si mesmo, para as relações sociais, para a economia e para a natureza.

Ainda, há pessoas que simplificam o conceito de consumo consciente aplicando o princípio dos 3Rs: reduzir, reutilizar e reciclar. Reduzir significa consumir menos produtos com alto potencial de gerar resíduos e dar preferência àqueles que tiverem maior durabilidade e oferecerem menos riscos à natureza. Um exemplo disso são os produtos descartáveis, como canudos, sacolas e copos plásticos. Reutilizar consiste em reaproveitar tudo aquilo que não for descartável. Isso vai desde a compra de roupas em brechó, até a utilização de embalagens para outras funções. E reciclar é o processo de transformação de materiais diversos em matéria-prima para outros produtos. Embalagens plásticas, de alumínio, de papelão e de vidro podem ser recicladas.

Os critérios de um consumo responsável

Como vimos, a definição de consumo responsável é ampla e flexível. Portanto, consideramos que é um consumidor consciente, se você praticar um consumo que atenda a pelo menos um ou mais dos seguintes critérios:

Consumo de produtos ecológicos com baixo impacto no meio ambiente:

  • Produtos de setores certificados, respeitando o meio ambiente ou a biodiversidade;
  • Mercadorias com baixa pegada de carbono;
  • Produtos orgânicos;
  • Bens que preservam a qualidade do solo, da água e do ar e geralmente impedem a poluição, o desmatamento e o esgotamento dos recursos naturais.

Consumo de produtos de acordo com o respeito às normas sociais e seu impacto nas sociedades:

  • Bens fabricados em boas condições de trabalho, sem trabalho infantil forçado e que respeitem o horário de trabalho e convenções internacionais;
  • Produtos fabricados em conformidade com padrões éticos (principalmente corrupção);
  • Bens fabricados em cooperação com as comunidades locais, respeitando seu estilo de vida e lucro comercial (como comércio justo)

Consumo de produtos “mais saudáveis”, respeitando os padrões de saúde:

  • Produtos sem produtos tóxicos e perigosos;
  • Mercadorias sem pesticidas ou outros insumos químicos;
  • Mercadorias fabricadas de acordo com os padrões de higiene;
  • Produtos alimentares com composição nutricional saudável.

Consumo de produtos com impacto econômico positivo:

  • Produtos feitos localmente;
  • Produções que incentivam a autonomia econômica de seus produtores (em oposição à dependência de sistemas comerciais ou industriais, como supermercados);
  • Bens que criam mais empregos, bem como integração econômica e social dos trabalhadores;
  • Produtos que promovem a qualidade de vida profissional dos funcionários.

O consumo de produtos fabricados em condições que respeitem certos princípios éticos ou morais:

  • Respeito pelo bem-estar animal;
  • Respeito pela justiça e liberdades individuais;
  • Qualquer outro princípio que contribua para o desenvolvimento do interesse geral.
  • O ponto essencial do consumo responsável é estar ciente dos impactos do consumo nesses vários critérios e agir para torná-lo mais positivo.

Os valores de um consumidor consciente 

No Brasil, já se percebeu claramente essa mudança de comportamento dos consumidores. Recentemente o  Instituto Akatu realizou a uma pesquisa sobre o Panorama do consumo consciente no Brasil (2018) que comprova isso. 

A pesquisa mostrou que, entre as oito principais causas que mais mobilizam o consumidor a comprar um produto de determinada marca, cinco estão ligadas ao cuidado com pessoas. Em primeiro lugar está a atuação das empresas no combate ao trabalho infantil (para 45% dos consumidores). O segundo lugar está o tratamento dado aos funcionários, que deve ser igualitário, independentemente de raça, religião, sexo, identidade,  gênero ou orientação sexual (43%). Em terceiro lugar está a existência de programas de contratação de pessoas com deficiência (38%). Além disso tem a contribuição da empresa para o bem-estar da comunidade onde está localizada (38%). E por fim, as condições de trabalho (36%) que a empresa oferece.

Segundo a pesquisa, os consumidores acreditam que  as empresas deveriam fazer mais do que está nas leis, para trazer mais benefícios à sociedade.       

As tendências de consumo e resposta das empresas 

Normalmente as empresas respondem rapidamente às tendências de mercado. Muitas delas já perceberam esse novo momento de consumo.  O reflexo disso é o crescente número de produtos e serviços sustentáveis que estão disponíveis no mercado. 

Essa reação tem sido positiva, pois muitas empresas estão se focando  na sustentabilidade de seus produtos. Já abordamos esse tema em um de nossos artigos anteriores.  Além disso,  a onda do consumo consciente  tem estimulado também o investimento em projetos de responsabilidade social das empresas

Mas, a transformação é ainda maior. Grande parte das empresas estão revendo seus negócios. Elas estão revisando seus propósitos de forma a integrar a sustentabilidade a esse momento de novos paradigmas de consumo. Assim, a sustentabilidade entra no DNA da empresa, se difunde em todas as escalas de ação, desde a obtenção dos materiais,  a produção, a distribuição, o transporte, o uso e o descarte do produto. Assim, o propósito da empresa perpassa fornecedores, colaboradores, investidores, cliente e a sociedade como um todo

Em conclusão, se por um lado, os consumidores se perguntam como as empresas estão contribuindo positivamente e criando valor para a comunidade, por  outro lado, as empresas estão melhorando salários e políticas de funcionários, servindo de suporte e parcerias da comunidade e desenvolvendo métodos e práticas de fabricação mais sustentáveis.

Como consequência, temos empresas autênticas, transparentes e com objetivos claros, que promovem a sustentabilidade na sua integralidade. Com isso, ganhamos todos.

Até o próximo!

 

As oportunidades geradas pelas mudanças climáticas: empresas e indivíduos em busca de soluções sustentáveis.

As oportunidades geradas pelas mudanças climáticas: empresas e indivíduos em busca de soluções sustentáveis.

Nos últimos anos temos visto um crescente engajamento de grandes empresas e organizações em busca de soluções sustentáveis para oferecer a seus clientes.

Certamente, elas identificaram as oportunidades geradas pela crise climática. Mas, acima de tudo, o que elas querem é se diferenciar de seus concorrentes e aumentar o valor de sua marca. E, em muitos casos, essas ações se alinham naturalmente ao gerenciamento de riscos do próprio negócio.

O que vamos abordar aqui

Nesse artigo vamos abordar os drivers que impulsionam uma nova era econômica que está surgindo, a janela de oportunidades que se abre para as empresas, as áreas-chaves para uma economia de baixo carbono, como as empresas estão se empenhando para oferecer soluções sustentáveis, e de que forma os indivíduos podem contribuir para esse processo.

A nova era econômica

Estamos à beira de uma nova era econômica focada acima de tudo, na transição para uma economia resiliente e de baixo carbono.  

Os próximos 10 a 15 anos são essenciais em termos de clima. Para manter a temperatura média global  abaixo de  1,5° C, será necessário até 2030 uma mudança decisiva em nossas formas de produção e consumo. Isso exige um esforço ímpar por parte de governos, iniciativa privada e indivíduos, pois a crise climática vem associada a muitos outros drivers de mudança.

O mundo enfrenta na atualidade mudanças estruturais tais como a rápida urbanização, o aumento da globalização, as mudanças para economias baseadas em serviços e o aumento da automação. Por isso, nosso crescimento dependerá da interação entre inovação tecnológica, investimentos em soluções sustentáveis em infraestrutura e aumento da produtividade de recursos

Podemos olhar para essa situação  de duas formas. A primeira é com grande preocupação e uma certa apatia, visto que os desafios a serem enfrentados são enormes. A segunda é como uma janela de oportunidades que se abre para novos modelos econômicos. Em outras palavras, podemos assumir a mudança transformativa que essa situação nos impõe. Pautados pelos avanços tecnológicos, com criatividade e inovação, podemos propor soluções sustentáveis para alcançar um crescimento forte, equilibrado e inclusivo.

As oportunidades de negócios geradas pela crise climática

As respostas para a crise climática envolvem a mitigação (diminuir as emissões para minimizar os impactos) e a adaptação (identificar formas de viver em um clima diferente, com restrições de recursos e com impactos que não poderão ser evitados). Consequentemente, estamos rumando para uma economia de baixo carbono. Em outras palavras, nosso crescimento estará pautado em reduzir os impactos sobre o meio ambiente, gerando emprego e desenvolvimento.

Acima de tudo, precisamos ampliar a produção e o consumo de energias limpas,  atingir ganhos de eficiência energética e produtiva. Isso requer o uso racional  dos recursos naturais,  uma matriz energética renovável e  uma produção circular. E suma, a  economia de baixo carbono está centrada na inovação dos processos produtivos e nas soluções tecnológicas capazes de reduzir os impactos sobre o planeta.

As áreas-chave para uma economia de baixo carbono

Abaixo seguem as principais áreas onde os investimentos em tecnologia e inovação podem gerar uma economia de baixo carbono e promover o desenvolvimento sustentável:

  • Sistemas de energia limpa: Negócios  focados na transição de combustíveis fósseis para energia renovável, descentralizando os sistemas,  usando a tecnologia digital para implementar sistemas mais resilientes, limpos e baratos e ampliar o fornecimento de energia para mais pessoas.
  • Desenvolvimento urbano mais inteligente.  Bom planejamento urbano e investimentos em infraestrutura, cidades mais compactas, conectadas e coordenadas estimularão o crescimento econômico, melhorando o acesso a empregos e moradia.
  • Uso sustentável da terra. Agricultura e proteção florestal mais sustentáveis ​​podem melhorar a segurança alimentar, inclusive reduzindo a perda e o desperdício de alimentos e oferecendo soluções climáticas.
  • Gestão inteligente da água. Novas tecnologias para melhorar gerenciamento  dos recursos hídricos e do saneamento.
  • Uma economia industrial circular. Produção que reutilize, reaproveite e recicle, combinada com o aumento da eficiência pode dissociar o crescimento econômico do uso de materiais e impulsionar a descarbonização das atividades industriais.

A redução de emissões de GEE

No Brasil, temos exemplos de empresas com metas de médio prazo para a redução de gases de efeito estufa (GEE). A maioria delas tem como prazo alvo o ano de 2025. Mas em alguns casos, as metas se estendem até 2030 e até 2050. Em geral, a necessidade de dar respostas rápidas aos investidores é o que justifica os prazos mais curtos com metas de redução de GEE. 

Nos últimos anos, as nossas empresas apresentaram em geral uma redução de emissões, mas esse movimento tem sido atribuído a alterações na produção e a desinvestimentos provocados pela crise econômica.

Porém, um número crescente de empresas tem encontrado nesse cenário de transição para baixas emissões, novas oportunidades de mercado. O exemplo mais claro é o aumento de empresas que investem em soluções sustentáveis voltadas para a produção de energia limpa. Como exemplo, podemos citar a produção de energia limpa, proveniente do sol (fotovoltaica) e dos ventos (eólica).

Ainda têm aquelas que fazem do combate à mudança do clima o “core” do seu negócio. O exemplo internacional é a Tesla que tem como missão oferecer carros elétricos a preços cada vez mais acessíveis.

As soluções sustentáveis e inovadoras

Mas, não são só as grandes corporações que têm contribuído com soluções de baixo carbono. Mundo afora surgem cada vez mais pequenas empresas e startups que encontram nas soluções sustentáveis, uma forma de contribuir com o planeta e ainda ganhar dinheiro.

Normalmente são empresas com um propósito ambiental bem definido. Elas aliam a tecnologia de comunicação a ideias simples de redução de consumo, de compartilhamento,  de reciclagem, de oferta de produtos sustentáveis e de prestação de serviços em meio digital.

Muitos de nós já tem alguma experiência com serviços desse tipo que, em suas atividades nos oferecem a oportunidade de diminuirmos nossa pegada carbônica. Os exempos de soluções sustentáveis são  os mais variados. Poderíamos citar empresas que:

  • coletam os resíduos orgânicos produzidos por restaurantes e residentes locais, transformando-os em adubo orgânico;
  • dão o destino correto a materiais que podem ser reciclados;
  • colocam no mercado alimentos que seriam desperdiçados, tais como as frutas feias, ou alimentos com prazo de validade a vencer;
  • promovem a mobilidade sustentável com o compartilhamento de carros, de veículos elétricos e de bicicletas;
  • evitam o deslocamento das pessoas, oferecendo soluções digitais, tais como bancos, e-comerce ou cursos online.
  • Portanto, já vemos um movimento crescente, assertivo e proativo, por parte de empresas de todas as esferas de abrangência e em diversos segmentos da sociedade, rumo a uma realidade com menos emissões.

A adaptação das empresas

No nosso artigo anterior vimos que os governos precisam olhar para possíveis formas de adaptação a um clima diferente e suas consequências. Similarmente, as empresas também necessitam estar a par dos riscos que podem enfrentar com a mudança climática.

Uma avaliação criteriosa de vulnerabilidades pode indicar a diminuição gradativa da disponibilidade de recursos essenciais para a empresa. Acima de tudo está a falta de água, de energia, ou de matérias primas, especialmente aquelas que dependem do clima, como a produção agrícola.

Além disso, a ocorrência de eventos climáticos extremos pode afetar os edifícios, a infraestrutura da empresa, os meios de produção, a logística e até mesmo interferir na segurança de seus colaboradores, de forma a diminuir ou até a interromper suas atividades.

Já abordamos esse tema no artigo “Como o clima pode interferir no seu negócio“.

O nosso papel individual para minimizar a crise climática

Nesse contexto, está na hora de cada um de nós, como indivíduos assumirmos a nossa parcela de responsabilidade e agirmos de forma proativa pela estabilização do aquecimento global.

Para ajudar você a encontrar o seu próprio jeito de reduzir a sua contribuição para as mudanças climáticas, me baseio em um estudo recente da Universidade de Lund, na Suécia (acesse aqui). Esse estudo analisou quais as atitudes individuais têm maior impacto na redução de emissões de GEE. Também elaboramos um infográfico que sintetiza as informações.Você pode acessá-lo aqui. Assim, você pode selecionar algumas ações pessoais que mais facilmente se integram no seu dia a dia e avaliar o grau de contribuição que elas podem representar.

Ações individuais de alto impacto sobre as mudanças climáticas

As quatro mais importantes medidas, classificadas como ações de alto impacto sobre as mudanças climáticas são: viver sem carro, evitar viagens de avião, utilizar energias renováveis e adotar uma dieta baseada em vegetais. Cada uma dessas medidas pode reduzir em um ano, mais de 0,8 toneladas de GEE.

  • Viver sem carro pode ser uma decisão difícil para quem vive em uma cidade grande, considerando que aqui no Brasil nossas opções de transportes públicos são limitadas. Porém, para muita gente que vive em cidades menores, essa opção pode não parecer absurda. E, mesmo em cidades grandes, novas alternativas de mobilidade estão surgindo, como foi citado anteriormente, tais como os aplicativos de compartilhamento que oferecem bicicletas, ou patinetes e carros elétricos.
  • Reduzir as viagens aéreas pode não ser a opção de quem vai fazer aquela bela viagem de férias, ou de quem pretende conhecer o destino dos sonhos. Mas pode ser uma ótima opção para aqueles que fazem viagens constantes a trabalho e que, muitas vezes poderiam adotar tecnologias de comunicação para evitar algumas delas. Além de diminuir as emissões de GEE, pode reduzir custos, ganhar tempo, evitar desgaste físico e até aumentar o tempo em família.
  • Utilizar energias renováveis é uma opção que muitas vezes não depende de decisões individuais, visto que nossa matriz energética ainda não contempla essas modalidades em larga escala. Entretanto, muitas pessoas já utilizam carros movidos a biodiesel e está crescendo o uso de painéis fotovoltaicos que transformam a energia solar em energia elétrica. O avanço da tecnologia deverá em breve diminuir os custos e facilitar também o acesso aos carros elétricos.
  • Adotar uma dieta a base de vegetais pode ser impensável para quem não vive sem carne, mas existem muitas pessoas que só estão esperando um bom motivo para virarem vegetarianos…aqui temos um bom motivo! O simples fato de reduzir o consumo de carne já tem impacto positivo.

Ações individuais de médio impacto sobre as mudanças climáticas

As medidas consideradas de impacto moderado podem reduzir em um ano entre 0,2 e 0,8 toneladas de GEE. São medidas alternativas às anteriores, ou seja, menos radicais:

  • Utilizar meios eficientes de aquecimento e refrigeração de ambientes. Isso pode envolver o planejamento de tecnologias passivas de construção, tais como a melhoria da ventilação, o uso de isolantes térmicos e de vegetação para minimizar o calor.
  • Outras opções incluem modelos de ar condicionados de alta eficiência e o uso de painéis solares para aquecimento da água. 
  • Usar transporte público, bicicleta e caminhadas como alternativas ao carro. Se você não vive sem carro, que tal considerar em algumas situações, deixar o carro em casa e adotar formas mais leves de mobilidade. Essa atitude pode fazer uma grande diferença no saldo das suas emissões de GEE.
  • Trocar eletrodomésticos e equipamentos antigos por produtos de alta eficiência energética. Essa atitude pode representar um investimento inicial maior, mas a diminuição do consumo de energia traz benefícios futuros para sua conta bancária e para o clima.
  • Reduzir o consumo de carne. Como vimos anteriormente, a pecuária é uma das atividades que mais emite GEE.
  • Lavar roupas com água fria e secar a roupa ao ar livre. Essas ações evitam o consumo de energia para o aquecimento da água e para a secagem das roupas. A produção de calor consome mais energia do que outras funções.
  • Reduzir, reusar e reciclar. Tornar a vida mais simples e diminuir a dependência do consumo é um ótimo caminho para beneficiar o clima. O reuso envolve a doação de produtos que você não precisa mais ou, com criatividade, a sua adaptação a novos usos. A reciclagem diminui o uso de matérias-primas, reaproveitando ao máximo aquele material que já foi beneficiado e evita o seu descarte na natureza. Todas essas ações diminuem as suas emissões de GEE.
  • Comprar produtos locais. Essa medida se concentra em produtos que percorrem distâncias menores, reduzindo assim, as emissões do transporte. Além disso favorece a economia local.

Ações individuais de baixo impacto sobre as mudanças climáticas

E por fim, as medidas de baixo impacto, que podem atingir em um ano até 0,2 toneladas de GEE. Apesar de terem um impacto menor, podem ajudar no conjunto de ações. São elas:

  • Economizar água. A tendência é de que em breve, algumas regiões vão enfrentar restrições no acesso à água. Assim, novas tecnologias de captação e tratamento da água serão necessárias, o que pode aumentar as emissões de GEE.
  • Minimizar o lixo e evitar as embalagens desnecessárias. Como vimos, o lixo é um grande emissor de GEE. Da mesma forma, ao diminuirmos o uso de embalagens e os produtos descartáveis, reduzimos processos industriais que envolvem a aquisição de matéria prima, a produção e o transporte de um item a mais no produto. Avalie os produtos que você consome e se identificar a possibilidade de reduzir a embalagem, sugira ao fornecedor.
  • Fazer a compostagem dos resíduos orgânicos. Esse é um processo simples, ocupa pouco espaço, não dá cheiro e gera adubo que você pode usar nas plantas. Esse processo evita que o gás metano produzido na decomposição de material orgânico vá parar na atmosfera. Além disso, diminui o transporte usado na coleta do lixo, a produção de aterros sanitários e os lixões que continuam a existir, apesar da legislação contrária.
  • Comprar produtos orgânicos ou ter uma hortinha em casa. Sua produção não utiliza fertilizantes que são grandes emissores de GEE.
  • Trocar lâmpadas antigas por aquelas de alta eficiência. Essa é uma das medidas mais conhecidas e normalmente está relacionada à diminuição dos custos com energia, mas também reduz emissões.

Ações individuais complementares

  • Plantar uma árvore. Se você tem espaço na sua casa ou na sua empresa, plante árvores. Elas são consumidoras de CO2, retirando esse gás da atmosfera. Da mesma forma, evite o corte de árvores. 
  • Compensar suas emissões. Se você tiver dificuldades em adotar qualquer uma das ações acima, você pode compensar suas emissões contribuindo com projetos que geram créditos de carbono, tais com projetos de reflorestamento, ou de recuperação de áreas degradadas com o uso da vegetação.

Ainda, além dessa gama de opções que podem ajudar você a reduzir a sua contribuição para as mudanças climáticas, você pode assumir um compromisso cívico e atuar pela conscientização de outras pessoas para a realidade climática. Da mesma forma, você também pode exercer pressão para que nossos governantes assumam as suas responsabilidades, seja através do voto, pela manifestação de sua indagação a representantes locais e regionais, pela sua assinatura em petições, por manifestações públicas ou mesmo pela atuação em organizações que tratam do tema das mudanças climáticas.

Além disso, é essencial que você se mantenha informado para identificar os possíveis impactos que a mudança do clima pode gerar na sua região. Só assim você poderá avaliar os riscos aos quais está exposto e quais as medidas que estão ao seu alcance para evitar perdas futuras.

Por fim, gostaria de ressaltar que, além de todas as medidas que citei acima, o bom senso e a criatividade são seus maiores aliados. São eles que vão ajudar você a encontrar a sua forma pessoal de mitigar emissões de GEE e de se adaptar a um clima diferente.

Se você entender que água, energia, mobilidade, consumo e lixo estão no centro dessa questão, e que o caminho é ter em mente as ações de reduzir, reciclar, compartilhar ou dar novos usos, com certeza, você estará no rumo certo. E se, além disso,  você conseguir influenciar outras pessoas a fazerem o mesmo, com certeza  você terá feito a sua parte.

O futuro que queremos

Mudar valores, crenças e hábitos não é algo simples, especialmente por que cada comunidade tem sua própria cultura, construída através do tempo. No entanto, a cultura não é um resultado e sim, um processo dinâmico e contínuo, sujeito a influências externas.

De qualquer modo, a busca pela sustentabilidade  já é uma tendência global. Cada vez mais pessoas e empresas têm buscado soluções sustentáveis para as demandas do dia a dia.

Além disso, você pode identificar a possibilidade de novas oportunidades de negócios, onde novas empresas e até produtos podem surgir para solucionar questões das Mudanças Climáticas.

Aqui, eu apresentei para você muitos motivos pelos quais você poderá se dispor a ir em frente na sua mudança pessoal, profissional ou até empresarial. E esse foi o seu primeiro passo para a mudança. Vamos em frente?

Até a próxima!