Consumo consciente: voluntários contribuindo para a sustentabilidade da vida no planeta

Consumo consciente: voluntários contribuindo para a sustentabilidade da vida no planeta

Você já percebeu que as expectativas dos consumidores estão mudando? Já reparou que muitas pessoas estão deixando de lado o supérfluo e adquirindo hábitos de um consumo mais consciente?

O tema desse artigo é  o consumo consciente, que pode ser entendido também como consumo responsável, ou consumo sustentável.

Primeiro vamos avaliar o que tem levado tantas pessoas a mudarem seus comportamentos de consumo. Depois vamos abordar o que significa comprar de forma responsável. Então vamos identificar os princípios desses novos consumidores. Por fim, vamos ver de que forma as empresas estão reagindo a isso e como essa nova realidade pode trazer benefícios para todos, especialmente para o planeta. 

A nossa relação com as compras

O ato de comprar, ou seja, adquirir um bem, é um meio de atingir um fim. Em outras palavras, compramos algo para satisfazer a uma função específica: comer, vestir, transportar, comunicar, divertir e tantas outras.

Entretanto, a forma como consumimos bens e serviços interfere significativamente na nossa vida, mas também na de outras pessoas e especialmente do planeta

Muitas vezes nos focamos em supérfluos, com o intuito de satisfazer nossas vontades. Com essa atitude, estamos nos comportando de forma egoísta. Isso por que acabamos concentrando uma série de recursos naturais e transformados que poderiam suprir a necessidade de outras pessoas. 

Esse é o modelo de consumo predominante na atualidade e essa prática tem se mostrado insustentável. Grandes desperdícios, excesso de embalagens, lixo em demasia, plástico nos mares, são o retrato desse consumismo desenfreado que tem chamado a atenção de muita gente.

A mudança de paradigma de consumo

Uma grande parcela da população já se deu conta de que esse padrão de consumo é insustentável e que precisamos reagir a isso.

As mudanças climáticas, a degradação do meio ambiente e as grandes desigualdades sociais estão motivando mudanças comportamentais importantes. Muitas pessoas têm se sensibilizado com essa situação e reconhecido suas responsabilidades em mudar esse panorama. Consequentemente, é crescente a onda de consumidores responsáveis que, aos poucos, podem provocar uma mudança de paradigma de consumo e de produção. Ou seja, a atuação de consumidores conscientes é, sem dúvida, o início de uma virada para o consumo e a produção responsável e sustentável.

O consumo consciente

O consumo consciente é uma forma de consumo que leva em consideração os fundamentos do desenvolvimento sustentável. Ou seja, consumo responsável é um conceito amplo que possui uma dimensão ambiental, econômica, social e de saúde. Não envolve apenas deixar de comprar, mas sim escolher com cuidado o que está sendo adquirido. 

Na realidade, o consumo responsável é variável, pois depende da sensibilidade dos consumidores. Alguns consumidores responsáveis ​​se concentram no lado ecológico de seu consumo, tentando escolher produtos sazonais, orgânicos e ecológicos. Eles também reconhecem os impactos ambientais associados aos diferentes estágios dos produtos (desde sua produção, transporte e descarte) e tentam comprar aqueles com menor impacto.

Outros se concentram no impacto que suas escolhas terá na economia, escolhendo produtos produzidos localmente. Também existem aqueles que escolhem seus produtos ou serviços  vinculados a uma força de trabalho que possui salários e condições de trabalho justos. Além disso, existem aqueles que observam se esses produtos são positivamente bons em qualidade, durabilidade e, se observam  questões como saúde e segurança tanto de pessoas como de animais. 

Em suma, o ponto essencial do consumo consciente é estar ciente dos impactos do consumo nesses vários critérios e agir para torná-lo mais positivo. Por isso, o consumidor consciente  busca o equilíbrio entre a sua satisfação pessoal e a sustentabilidade. Suas escolhas de consumo procuram maximizar as conseqüências positivas e minimizar as negativas. Portanto, entram na balança de decisão as consequências  para si mesmo, para as relações sociais, para a economia e para a natureza.

Ainda, há pessoas que simplificam o conceito de consumo consciente aplicando o princípio dos 3Rs: reduzir, reutilizar e reciclar. Reduzir significa consumir menos produtos com alto potencial de gerar resíduos e dar preferência àqueles que tiverem maior durabilidade e oferecerem menos riscos à natureza. Um exemplo disso são os produtos descartáveis, como canudos, sacolas e copos plásticos. Reutilizar consiste em reaproveitar tudo aquilo que não for descartável. Isso vai desde a compra de roupas em brechó, até a utilização de embalagens para outras funções. E reciclar é o processo de transformação de materiais diversos em matéria-prima para outros produtos. Embalagens plásticas, de alumínio, de papelão e de vidro podem ser recicladas.

Os critérios de um consumo responsável

Como vimos, a definição de consumo responsável é ampla e flexível. Portanto, consideramos que é um consumidor consciente, se você praticar um consumo que atenda a pelo menos um ou mais dos seguintes critérios:

Consumo de produtos ecológicos com baixo impacto no meio ambiente:

  • Produtos de setores certificados, respeitando o meio ambiente ou a biodiversidade;
  • Mercadorias com baixa pegada de carbono;
  • Produtos orgânicos;
  • Bens que preservam a qualidade do solo, da água e do ar e geralmente impedem a poluição, o desmatamento e o esgotamento dos recursos naturais.

Consumo de produtos de acordo com o respeito às normas sociais e seu impacto nas sociedades:

  • Bens fabricados em boas condições de trabalho, sem trabalho infantil forçado e que respeitem o horário de trabalho e convenções internacionais;
  • Produtos fabricados em conformidade com padrões éticos (principalmente corrupção);
  • Bens fabricados em cooperação com as comunidades locais, respeitando seu estilo de vida e lucro comercial (como comércio justo)

Consumo de produtos “mais saudáveis”, respeitando os padrões de saúde:

  • Produtos sem produtos tóxicos e perigosos;
  • Mercadorias sem pesticidas ou outros insumos químicos;
  • Mercadorias fabricadas de acordo com os padrões de higiene;
  • Produtos alimentares com composição nutricional saudável.

Consumo de produtos com impacto econômico positivo:

  • Produtos feitos localmente;
  • Produções que incentivam a autonomia econômica de seus produtores (em oposição à dependência de sistemas comerciais ou industriais, como supermercados);
  • Bens que criam mais empregos, bem como integração econômica e social dos trabalhadores;
  • Produtos que promovem a qualidade de vida profissional dos funcionários.

O consumo de produtos fabricados em condições que respeitem certos princípios éticos ou morais:

  • Respeito pelo bem-estar animal;
  • Respeito pela justiça e liberdades individuais;
  • Qualquer outro princípio que contribua para o desenvolvimento do interesse geral.
  • O ponto essencial do consumo responsável é estar ciente dos impactos do consumo nesses vários critérios e agir para torná-lo mais positivo.

Os valores de um consumidor consciente 

No Brasil, já se percebeu claramente essa mudança de comportamento dos consumidores. Recentemente o  Instituto Akatu realizou a uma pesquisa sobre o Panorama do consumo consciente no Brasil (2018) que comprova isso. 

A pesquisa mostrou que, entre as oito principais causas que mais mobilizam o consumidor a comprar um produto de determinada marca, cinco estão ligadas ao cuidado com pessoas. Em primeiro lugar está a atuação das empresas no combate ao trabalho infantil (para 45% dos consumidores). O segundo lugar está o tratamento dado aos funcionários, que deve ser igualitário, independentemente de raça, religião, sexo, identidade,  gênero ou orientação sexual (43%). Em terceiro lugar está a existência de programas de contratação de pessoas com deficiência (38%). Além disso tem a contribuição da empresa para o bem-estar da comunidade onde está localizada (38%). E por fim, as condições de trabalho (36%) que a empresa oferece.

Segundo a pesquisa, os consumidores acreditam que  as empresas deveriam fazer mais do que está nas leis, para trazer mais benefícios à sociedade.       

As tendências de consumo e resposta das empresas 

Normalmente as empresas respondem rapidamente às tendências de mercado. Muitas delas já perceberam esse novo momento de consumo.  O reflexo disso é o crescente número de produtos e serviços sustentáveis que estão disponíveis no mercado. 

Essa reação tem sido positiva, pois muitas empresas estão se focando  na sustentabilidade de seus produtos. Já abordamos esse tema em um de nossos artigos anteriores.  Além disso,  a onda do consumo consciente  tem estimulado também o investimento em projetos de responsabilidade social das empresas

Mas, a transformação é ainda maior. Grande parte das empresas estão revendo seus negócios. Elas estão revisando seus propósitos de forma a integrar a sustentabilidade a esse momento de novos paradigmas de consumo. Assim, a sustentabilidade entra no DNA da empresa, se difunde em todas as escalas de ação, desde a obtenção dos materiais,  a produção, a distribuição, o transporte, o uso e o descarte do produto. Assim, o propósito da empresa perpassa fornecedores, colaboradores, investidores, cliente e a sociedade como um todo

Em conclusão, se por um lado, os consumidores se perguntam como as empresas estão contribuindo positivamente e criando valor para a comunidade, por  outro lado, as empresas estão melhorando salários e políticas de funcionários, servindo de suporte e parcerias da comunidade e desenvolvendo métodos e práticas de fabricação mais sustentáveis.

Como consequência, temos empresas autênticas, transparentes e com objetivos claros, que promovem a sustentabilidade na sua integralidade. Com isso, ganhamos todos.

Até o próximo!

 

As oportunidades geradas pelas mudanças climáticas: empresas e indivíduos em busca de soluções sustentáveis.

As oportunidades geradas pelas mudanças climáticas: empresas e indivíduos em busca de soluções sustentáveis.

Nos últimos anos temos visto um crescente engajamento de grandes empresas e organizações em busca de soluções sustentáveis para oferecer a seus clientes.

Certamente, elas identificaram as oportunidades geradas pela crise climática. Mas, acima de tudo, o que elas querem é se diferenciar de seus concorrentes e aumentar o valor de sua marca. E, em muitos casos, essas ações se alinham naturalmente ao gerenciamento de riscos do próprio negócio.

O que vamos abordar aqui

Nesse artigo vamos abordar os drivers que impulsionam uma nova era econômica que está surgindo, a janela de oportunidades que se abre para as empresas, as áreas-chaves para uma economia de baixo carbono, como as empresas estão se empenhando para oferecer soluções sustentáveis, e de que forma os indivíduos podem contribuir para esse processo.

A nova era econômica

Estamos à beira de uma nova era econômica focada acima de tudo, na transição para uma economia resiliente e de baixo carbono.  

Os próximos 10 a 15 anos são essenciais em termos de clima. Para manter a temperatura média global  abaixo de  1,5° C, será necessário até 2030 uma mudança decisiva em nossas formas de produção e consumo. Isso exige um esforço ímpar por parte de governos, iniciativa privada e indivíduos, pois a crise climática vem associada a muitos outros drivers de mudança.

O mundo enfrenta na atualidade mudanças estruturais tais como a rápida urbanização, o aumento da globalização, as mudanças para economias baseadas em serviços e o aumento da automação. Por isso, nosso crescimento dependerá da interação entre inovação tecnológica, investimentos em soluções sustentáveis em infraestrutura e aumento da produtividade de recursos

Podemos olhar para essa situação  de duas formas. A primeira é com grande preocupação e uma certa apatia, visto que os desafios a serem enfrentados são enormes. A segunda é como uma janela de oportunidades que se abre para novos modelos econômicos. Em outras palavras, podemos assumir a mudança transformativa que essa situação nos impõe. Pautados pelos avanços tecnológicos, com criatividade e inovação, podemos propor soluções sustentáveis para alcançar um crescimento forte, equilibrado e inclusivo.

As oportunidades de negócios geradas pela crise climática

As respostas para a crise climática envolvem a mitigação (diminuir as emissões para minimizar os impactos) e a adaptação (identificar formas de viver em um clima diferente, com restrições de recursos e com impactos que não poderão ser evitados). Consequentemente, estamos rumando para uma economia de baixo carbono. Em outras palavras, nosso crescimento estará pautado em reduzir os impactos sobre o meio ambiente, gerando emprego e desenvolvimento.

Acima de tudo, precisamos ampliar a produção e o consumo de energias limpas,  atingir ganhos de eficiência energética e produtiva. Isso requer o uso racional  dos recursos naturais,  uma matriz energética renovável e  uma produção circular. E suma, a  economia de baixo carbono está centrada na inovação dos processos produtivos e nas soluções tecnológicas capazes de reduzir os impactos sobre o planeta.

As áreas-chave para uma economia de baixo carbono

Abaixo seguem as principais áreas onde os investimentos em tecnologia e inovação podem gerar uma economia de baixo carbono e promover o desenvolvimento sustentável:

  • Sistemas de energia limpa: Negócios  focados na transição de combustíveis fósseis para energia renovável, descentralizando os sistemas,  usando a tecnologia digital para implementar sistemas mais resilientes, limpos e baratos e ampliar o fornecimento de energia para mais pessoas.
  • Desenvolvimento urbano mais inteligente.  Bom planejamento urbano e investimentos em infraestrutura, cidades mais compactas, conectadas e coordenadas estimularão o crescimento econômico, melhorando o acesso a empregos e moradia.
  • Uso sustentável da terra. Agricultura e proteção florestal mais sustentáveis ​​podem melhorar a segurança alimentar, inclusive reduzindo a perda e o desperdício de alimentos e oferecendo soluções climáticas.
  • Gestão inteligente da água. Novas tecnologias para melhorar gerenciamento  dos recursos hídricos e do saneamento.
  • Uma economia industrial circular. Produção que reutilize, reaproveite e recicle, combinada com o aumento da eficiência pode dissociar o crescimento econômico do uso de materiais e impulsionar a descarbonização das atividades industriais.

A redução de emissões de GEE

No Brasil, temos exemplos de empresas com metas de médio prazo para a redução de gases de efeito estufa (GEE). A maioria delas tem como prazo alvo o ano de 2025. Mas em alguns casos, as metas se estendem até 2030 e até 2050. Em geral, a necessidade de dar respostas rápidas aos investidores é o que justifica os prazos mais curtos com metas de redução de GEE. 

Nos últimos anos, as nossas empresas apresentaram em geral uma redução de emissões, mas esse movimento tem sido atribuído a alterações na produção e a desinvestimentos provocados pela crise econômica.

Porém, um número crescente de empresas tem encontrado nesse cenário de transição para baixas emissões, novas oportunidades de mercado. O exemplo mais claro é o aumento de empresas que investem em soluções sustentáveis voltadas para a produção de energia limpa. Como exemplo, podemos citar a produção de energia limpa, proveniente do sol (fotovoltaica) e dos ventos (eólica).

Ainda têm aquelas que fazem do combate à mudança do clima o “core” do seu negócio. O exemplo internacional é a Tesla que tem como missão oferecer carros elétricos a preços cada vez mais acessíveis.

As soluções sustentáveis e inovadoras

Mas, não são só as grandes corporações que têm contribuído com soluções de baixo carbono. Mundo afora surgem cada vez mais pequenas empresas e startups que encontram nas soluções sustentáveis, uma forma de contribuir com o planeta e ainda ganhar dinheiro.

Normalmente são empresas com um propósito ambiental bem definido. Elas aliam a tecnologia de comunicação a ideias simples de redução de consumo, de compartilhamento,  de reciclagem, de oferta de produtos sustentáveis e de prestação de serviços em meio digital.

Muitos de nós já tem alguma experiência com serviços desse tipo que, em suas atividades nos oferecem a oportunidade de diminuirmos nossa pegada carbônica. Os exempos de soluções sustentáveis são  os mais variados. Poderíamos citar empresas que:

  • coletam os resíduos orgânicos produzidos por restaurantes e residentes locais, transformando-os em adubo orgânico;
  • dão o destino correto a materiais que podem ser reciclados;
  • colocam no mercado alimentos que seriam desperdiçados, tais como as frutas feias, ou alimentos com prazo de validade a vencer;
  • promovem a mobilidade sustentável com o compartilhamento de carros, de veículos elétricos e de bicicletas;
  • evitam o deslocamento das pessoas, oferecendo soluções digitais, tais como bancos, e-comerce ou cursos online.
  • Portanto, já vemos um movimento crescente, assertivo e proativo, por parte de empresas de todas as esferas de abrangência e em diversos segmentos da sociedade, rumo a uma realidade com menos emissões.

A adaptação das empresas

No nosso artigo anterior vimos que os governos precisam olhar para possíveis formas de adaptação a um clima diferente e suas consequências. Similarmente, as empresas também necessitam estar a par dos riscos que podem enfrentar com a mudança climática.

Uma avaliação criteriosa de vulnerabilidades pode indicar a diminuição gradativa da disponibilidade de recursos essenciais para a empresa. Acima de tudo está a falta de água, de energia, ou de matérias primas, especialmente aquelas que dependem do clima, como a produção agrícola.

Além disso, a ocorrência de eventos climáticos extremos pode afetar os edifícios, a infraestrutura da empresa, os meios de produção, a logística e até mesmo interferir na segurança de seus colaboradores, de forma a diminuir ou até a interromper suas atividades.

Já abordamos esse tema no artigo “Como o clima pode interferir no seu negócio“.

O nosso papel individual para minimizar a crise climática

Nesse contexto, está na hora de cada um de nós, como indivíduos assumirmos a nossa parcela de responsabilidade e agirmos de forma proativa pela estabilização do aquecimento global.

Para ajudar você a encontrar o seu próprio jeito de reduzir a sua contribuição para as mudanças climáticas, me baseio em um estudo recente da Universidade de Lund, na Suécia (acesse aqui). Esse estudo analisou quais as atitudes individuais têm maior impacto na redução de emissões de GEE. Também elaboramos um infográfico que sintetiza as informações.Você pode acessá-lo aqui. Assim, você pode selecionar algumas ações pessoais que mais facilmente se integram no seu dia a dia e avaliar o grau de contribuição que elas podem representar.

Ações individuais de alto impacto sobre as mudanças climáticas

As quatro mais importantes medidas, classificadas como ações de alto impacto sobre as mudanças climáticas são: viver sem carro, evitar viagens de avião, utilizar energias renováveis e adotar uma dieta baseada em vegetais. Cada uma dessas medidas pode reduzir em um ano, mais de 0,8 toneladas de GEE.

  • Viver sem carro pode ser uma decisão difícil para quem vive em uma cidade grande, considerando que aqui no Brasil nossas opções de transportes públicos são limitadas. Porém, para muita gente que vive em cidades menores, essa opção pode não parecer absurda. E, mesmo em cidades grandes, novas alternativas de mobilidade estão surgindo, como foi citado anteriormente, tais como os aplicativos de compartilhamento que oferecem bicicletas, ou patinetes e carros elétricos.
  • Reduzir as viagens aéreas pode não ser a opção de quem vai fazer aquela bela viagem de férias, ou de quem pretende conhecer o destino dos sonhos. Mas pode ser uma ótima opção para aqueles que fazem viagens constantes a trabalho e que, muitas vezes poderiam adotar tecnologias de comunicação para evitar algumas delas. Além de diminuir as emissões de GEE, pode reduzir custos, ganhar tempo, evitar desgaste físico e até aumentar o tempo em família.
  • Utilizar energias renováveis é uma opção que muitas vezes não depende de decisões individuais, visto que nossa matriz energética ainda não contempla essas modalidades em larga escala. Entretanto, muitas pessoas já utilizam carros movidos a biodiesel e está crescendo o uso de painéis fotovoltaicos que transformam a energia solar em energia elétrica. O avanço da tecnologia deverá em breve diminuir os custos e facilitar também o acesso aos carros elétricos.
  • Adotar uma dieta a base de vegetais pode ser impensável para quem não vive sem carne, mas existem muitas pessoas que só estão esperando um bom motivo para virarem vegetarianos…aqui temos um bom motivo! O simples fato de reduzir o consumo de carne já tem impacto positivo.

Ações individuais de médio impacto sobre as mudanças climáticas

As medidas consideradas de impacto moderado podem reduzir em um ano entre 0,2 e 0,8 toneladas de GEE. São medidas alternativas às anteriores, ou seja, menos radicais:

  • Utilizar meios eficientes de aquecimento e refrigeração de ambientes. Isso pode envolver o planejamento de tecnologias passivas de construção, tais como a melhoria da ventilação, o uso de isolantes térmicos e de vegetação para minimizar o calor.
  • Outras opções incluem modelos de ar condicionados de alta eficiência e o uso de painéis solares para aquecimento da água. 
  • Usar transporte público, bicicleta e caminhadas como alternativas ao carro. Se você não vive sem carro, que tal considerar em algumas situações, deixar o carro em casa e adotar formas mais leves de mobilidade. Essa atitude pode fazer uma grande diferença no saldo das suas emissões de GEE.
  • Trocar eletrodomésticos e equipamentos antigos por produtos de alta eficiência energética. Essa atitude pode representar um investimento inicial maior, mas a diminuição do consumo de energia traz benefícios futuros para sua conta bancária e para o clima.
  • Reduzir o consumo de carne. Como vimos anteriormente, a pecuária é uma das atividades que mais emite GEE.
  • Lavar roupas com água fria e secar a roupa ao ar livre. Essas ações evitam o consumo de energia para o aquecimento da água e para a secagem das roupas. A produção de calor consome mais energia do que outras funções.
  • Reduzir, reusar e reciclar. Tornar a vida mais simples e diminuir a dependência do consumo é um ótimo caminho para beneficiar o clima. O reuso envolve a doação de produtos que você não precisa mais ou, com criatividade, a sua adaptação a novos usos. A reciclagem diminui o uso de matérias-primas, reaproveitando ao máximo aquele material que já foi beneficiado e evita o seu descarte na natureza. Todas essas ações diminuem as suas emissões de GEE.
  • Comprar produtos locais. Essa medida se concentra em produtos que percorrem distâncias menores, reduzindo assim, as emissões do transporte. Além disso favorece a economia local.

Ações individuais de baixo impacto sobre as mudanças climáticas

E por fim, as medidas de baixo impacto, que podem atingir em um ano até 0,2 toneladas de GEE. Apesar de terem um impacto menor, podem ajudar no conjunto de ações. São elas:

  • Economizar água. A tendência é de que em breve, algumas regiões vão enfrentar restrições no acesso à água. Assim, novas tecnologias de captação e tratamento da água serão necessárias, o que pode aumentar as emissões de GEE.
  • Minimizar o lixo e evitar as embalagens desnecessárias. Como vimos, o lixo é um grande emissor de GEE. Da mesma forma, ao diminuirmos o uso de embalagens e os produtos descartáveis, reduzimos processos industriais que envolvem a aquisição de matéria prima, a produção e o transporte de um item a mais no produto. Avalie os produtos que você consome e se identificar a possibilidade de reduzir a embalagem, sugira ao fornecedor.
  • Fazer a compostagem dos resíduos orgânicos. Esse é um processo simples, ocupa pouco espaço, não dá cheiro e gera adubo que você pode usar nas plantas. Esse processo evita que o gás metano produzido na decomposição de material orgânico vá parar na atmosfera. Além disso, diminui o transporte usado na coleta do lixo, a produção de aterros sanitários e os lixões que continuam a existir, apesar da legislação contrária.
  • Comprar produtos orgânicos ou ter uma hortinha em casa. Sua produção não utiliza fertilizantes que são grandes emissores de GEE.
  • Trocar lâmpadas antigas por aquelas de alta eficiência. Essa é uma das medidas mais conhecidas e normalmente está relacionada à diminuição dos custos com energia, mas também reduz emissões.

Ações individuais complementares

  • Plantar uma árvore. Se você tem espaço na sua casa ou na sua empresa, plante árvores. Elas são consumidoras de CO2, retirando esse gás da atmosfera. Da mesma forma, evite o corte de árvores. 
  • Compensar suas emissões. Se você tiver dificuldades em adotar qualquer uma das ações acima, você pode compensar suas emissões contribuindo com projetos que geram créditos de carbono, tais com projetos de reflorestamento, ou de recuperação de áreas degradadas com o uso da vegetação.

Ainda, além dessa gama de opções que podem ajudar você a reduzir a sua contribuição para as mudanças climáticas, você pode assumir um compromisso cívico e atuar pela conscientização de outras pessoas para a realidade climática. Da mesma forma, você também pode exercer pressão para que nossos governantes assumam as suas responsabilidades, seja através do voto, pela manifestação de sua indagação a representantes locais e regionais, pela sua assinatura em petições, por manifestações públicas ou mesmo pela atuação em organizações que tratam do tema das mudanças climáticas.

Além disso, é essencial que você se mantenha informado para identificar os possíveis impactos que a mudança do clima pode gerar na sua região. Só assim você poderá avaliar os riscos aos quais está exposto e quais as medidas que estão ao seu alcance para evitar perdas futuras.

Por fim, gostaria de ressaltar que, além de todas as medidas que citei acima, o bom senso e a criatividade são seus maiores aliados. São eles que vão ajudar você a encontrar a sua forma pessoal de mitigar emissões de GEE e de se adaptar a um clima diferente.

Se você entender que água, energia, mobilidade, consumo e lixo estão no centro dessa questão, e que o caminho é ter em mente as ações de reduzir, reciclar, compartilhar ou dar novos usos, com certeza, você estará no rumo certo. E se, além disso,  você conseguir influenciar outras pessoas a fazerem o mesmo, com certeza  você terá feito a sua parte.

O futuro que queremos

Mudar valores, crenças e hábitos não é algo simples, especialmente por que cada comunidade tem sua própria cultura, construída através do tempo. No entanto, a cultura não é um resultado e sim, um processo dinâmico e contínuo, sujeito a influências externas.

De qualquer modo, a busca pela sustentabilidade  já é uma tendência global. Cada vez mais pessoas e empresas têm buscado soluções sustentáveis para as demandas do dia a dia.

Além disso, você pode identificar a possibilidade de novas oportunidades de negócios, onde novas empresas e até produtos podem surgir para solucionar questões das Mudanças Climáticas.

Aqui, eu apresentei para você muitos motivos pelos quais você poderá se dispor a ir em frente na sua mudança pessoal, profissional ou até empresarial. E esse foi o seu primeiro passo para a mudança. Vamos em frente?

Até a próxima!

Nosso futuro comum: as responsabilidades de adaptação em tempos de crise climática

Nosso futuro comum: as responsabilidades de adaptação em tempos de crise climática

Diante das duras previsões climáticas para os próximos anos e décadas, quais as opções que temos para minimizar as mudanças em curso e adaptar a nossa forma de viver? Além disso, de quem são as responsabilidades de adaptação?

Durante mais de 20 anos ouvirmos falar nas mudanças climáticas. Mas, por muito tempo preferimos ignorar os estudos científicos, duvidar de sua veracidade. Resumindo, optamos por não tomar atitude nenhuma.  Em outras palavras,  já que esta é uma questão global, “da humanidade”,  que os “outros” resolvam!

Posteriormente percebemos que não fazer nada, não é uma resposta, e sim uma fuga do problema!

O que vamos abordar aqui

Em nosso artigo anterior, abordamos os desafios que a mudança do clima nos apresentam.

Nesse artigo, primeiramente vou abordar as respostas possíveis à essa situação. Posteriormente, vou discutir como o mundo deve ver a adaptação às mudanças climáticas.  Além disso, vou discutir as responsabilidades de adaptação nas diferentes escalas do poder público. Por fim, vou citar alguns exemplos de medidas que estão sendo adotadas em diferentes locais do mundo e que portanto,  podem nos auxiliar a enfrentar as consequências de um clima diferente.

As possíveis respostas

Para identificarmos as possíveis respostas à crise climática,  devemos ter em mente  de que a mudança climática é verdadeiramente uma questão global.  Ou seja:  independentemente de onde os gases de efeito estufa (GEE) são emitidos, eles se distribuem pela atmosfera como um todo. Como resultado,  as suas consequências serão sentidas por todos indistintamente. Contudo, países, regiões e cidades terão impactos diferentes, dependendo de suas condições físicas e características socioeconômicas

Durante muito tempo, duas possíveis respostas foram apontadas pelos cientistas. A primeira delas  é  a mitigação, que significa a diminuição das causas do aquecimento global (emissões de GEE). A segunda é a adaptação,  que significa um ajustamento da vida a um clima em mudança com recursos mais escassos.  Mas, atualmente entende-se que essas duas respostas estão interrelacionadas e devem ser vistas em conjunto.

Mitigação

A mitigação foi a primeira resposta a ser discutida e adotada internacionalmente. Como as concentrações e as emissões dos GEE podem ser aferidas numericamente, a elaboração de medidas para controlar as emissões é relativamente simples. Sendo assim, a mitigação é normalmente estabelecida através de mecanismos reguladores e de mercado definidos pelos governos centrais.

A adoção de limites legais sobre emissões, regulamentação e controle de produtos e mercados (como o mercado de carbono) pode ser determinada de diferentes formas.  Uma delas é a partir de estímulos econômicos, como por exemplo  um incentivo ou subsídio para que um determinado setor diminua suas emissões. Outra forma é  por intervenções do governo através da criação de leis e regulamentações.  Ou seja, os  envolvidos se obrigam a diminuir suas emissões  e,  como resultado, a nação pode cumprir seus acordos internacionais.

Essas iniciativas em âmbito nacional estabelecem posteriormente caminhos para ações governamentais setoriais, regionais ou locais para a adoção de medidas específicas. Por isso, a governança da mitigação é clara: a responsabilidade em estabelecer as regras de mitigação é das autoridades públicas.

As boas práticas de mitigação

A Tabela 1 mostra exemplos de medidas de mitigação adotadas pelo mundo.

Tabela 1: Boas práticas de mitigação. 

SETORES MEDIDAS DE MITIGAÇÃO
Energia
Substituição de lâmpadas, aparelhos e equipamentos antigos por mais eficientes
Utilizar sistemas individuais de energia de base  renovável, tais como a energia solar, para aquecimento e iluminação de edifícios
Desenvolver formas de aproveitamento de energias alternativas que emitam menos GEE, tais como a biomassa (bagaço de cana), ou a eólica (do vento)
Incluir a eficiência energética no planejamento da construção
Sensibilizar as pessoas para os benefícios da eficiência energética e do uso racional de energia
Transportes
Reduzir a utilização de automóveis
Diversificar o uso do solo nos bairros para que as pessoas possam atender suas necessidades diárias a pé
Restringir o uso do carro em áreas centrais da cidade e promover o transporte público
Usar transportes movidos a biocombustíveis e ou eletricidade
Melhorar a integração de diferentes modais de transporte
Aumentar a qualidade e quantidade de ciclovias e criar áreas de estacionamento de bicicletas
Florestas
Diminuir o desmatamento
Aumentar as áreas de florestas
Manter as florestas limpas
Evitar o uso de plantas exóticas que podem ampliar os incêndios florestais
Agricultura e pecuária
Diminuir o uso de fertilizantes industriais
Aumentar a área de produção de orgânicos
Promover a diversificação de culturas
– Promover a redução do consumo de carne

 

Adaptação

As medidas de adaptação exigem recursos financeiros e ações onde os impactos ocorrem, envolvendo uma variedade de partes interessadas. Consequentemente, as resposnabilidades de adaptação estão concentradas em governos regionais e locais, além de empresas, instituições públicas e privadas e comunidades vulneráveis.

As responsabilidades de adaptação

Ao contrário da mitigação, como a adaptação precisa ocorrer em nível local, os governos nacionais não são necessariamente responsabilizados em atuar nesse campo. Contudo, muitos países elaboram diretrizes nacionais de adaptação que orientam a elaboração de planos regionais, setoriais e locais. No Brasil, temos um Plano Nacional de Adaptação desde 2016, que transfere uma parte das responsabilidades de adaptação para os principais setores produtivos do país.

Por outro lado,  até o momento as autoridades públicas locais e regionais não assumiram completamente as suas responsabilidades de adaptação. Muitos líderes locais  vêem a adaptação como um custo que pode ser adiado. E isso pode piorar a situação. Em geral, a percepção da necessidade de adaptar coincide com a ocorrência de eventos extremos. Por exemplo, grandes inundações, secas prolongadas ou extensos incêndios florestais aumentam as pressões por parte da mídia e dos envolvidos para uma ação mais efetiva. Depois disso, quando o evento extremo passa, a necessidade de intervenção imediata não é mais percebida.

A dimensão da adaptação

A adaptação tem como objetivo reduzir a vulnerabilidade aos efeitos nocivos das mudanças climáticas. Como exemplos desses efeitos pode-se citar a invasão da água do mar em áreas costeiras, a ocorrência de eventos climáticos extremos mais intensos ou mesmo a insegurança alimentar provocada pela escassez de água e pelas perdas na lavoura.

Mas, as medidas reativas têm sido insuficientes para lidar com as pressões associadas às mudanças climáticas. Além disso, a abordagem incremental da adaptação, ou seja, aquela que se foca num impacto específico, não é mais suficiente. É preciso abordar a adaptação de forma sistêmica, englobando as raízes dos impactos a serem enfrentados.

As novas abordagens da adaptação

Sendo assim,  outros determinantes não climáticos de vulnerabilidade, tais como demografia, economia, condições sócio-políticas e desenvolvimento tecnológico devem fazer parte dessa equação. Por isso, crescem as discussões sobre a natureza das respostas da sociedade a serem consideradas. Acima de tudo há um consenso  de que a situação atual clama por uma abordagem transformativa, sem precedentes. Ou seja,  precisamos adotar uma abordagem que tenha visão sistêmica de adaptação “com” mudanças climáticas.

Nesse caso, a mitigação deixa de ser uma resposta isolada e passa a fazer parte do processo de adaptação. Em outras palavras, temos que assumir um novo modelo de desenvolvimento pautado pela baixa emissão de gases de efeito estufa.  

Como resultado, quando os governos assumem suas responsabilidades de adaptação tanto regionais como locais, eles precisam envolver os  diversos setores, com foco em diferentes objetivos. Por exemplo, a redução da vulnerabilidade, o gerenciamento de riscos de desastres ou o planejamento de adaptação proativa

São três os tipos de medidas de adaptação: Físico-estrutural, institucional ou social.

Medidas físico-estruturais de adaptação:

As medidas físico-estruturais são aquelas baseadas em:

  • Opções de engenharia e do ambiente construído: relaciona-se a obras estruturais, tais como diques, muros de proteção, obras de drenagem, entre outras;
  • Opções tecnológicas: são medidas relacionadas ao desenvolvimento tecnológico, tais como o desenvolvimento de novas variedades de cereais para a agricultura, tecnologias para purificação da água, métodos de irrigação, entre outros.
  • Opções baseadas em ecossistemas: restauração de ecossistemas, conservação do solo, ou soluções de drenagem baseadas em plantas, entre outras;
  • Opções baseadas em serviços, tais como programas de vacinação, ou ampliação de serviços médicos especializados, entre outros.

Essas medidas exigem maior investimento e suas ações dependem de um planejamento prévio.

Medidas institucionais de adaptação:

Essas medidas estão relacionadas à descisões políticas e institucionais.

  •  Opções econômicas, tais como o uso de incentivos fiscais, pagamentos de serviços de ecossistemas, ou parcerias público-privadas, entre outras;
  • Opções baseadas em leis e regulamentações, tais como códigos de uso do solo, código de obras, ou delimitação legal de áreas protegidas, entre outros;
  • Opções de programas e politicas nacionais e regionais, tais como planos de adaptação, planos de gestão de bacias hidrográficas ou planos de contingência a desastres naturais, entre outros.

Medidas sociais de adaptação:

As medidas sociais tem como objetivo transformar a cultura das comunidades para viver em um clima diferente.

  • Opções educacionais que envolvem ações para o aumento da consciência das pessoas sobre o problema, tais como serviços de extensão, plataformas de aprendizado ou pesquisas de ação participativa, entre outros;
  • Opções informativas tais como mapas de vulnerabilidade e perigo, sistemas de monitoramento e alerta, ou divulgação de relatórios integrados de avaliação, entre outros;
  • Opções comportamentais tais como ações de preparação da população para enfrentar riscos, planos de evacuação, confiança nas redes sociais com previsões antecipadas, entre outros.

As boas práticas de adaptação

A tabela a seguir mostra alguns exemplos de adaptação que estão sendo implementados.

 Tabela 2: Boas práticas de adaptação

Impactos esperados Medidas de adaptação

Aumento da temperatura, Ondas de calor

 

Redução da densidade de construção
Aumento de áreas de sombra com o uso de vegetação
Aumentar as superfícies
Melhorar os sistemas de ventilação dos edifícios
Utilizar a água no paisagismo
Criar sistemas de alertas para ondas de calor
Integrar as necessidades das populações mais vulneráveis nos planos de emergência
Equipar serviços de urgência
Diminuição da qualidade do ar
Restrições no transito
Melhorar o transporte público
Promover a partilha de carros
Monitorar níveis de poluição e suas fontes
Criar serviços de alerta
Redução da disponibilidade de água

– Ampliar a capacidade de reservatóriosColetar a água da chuva

Reutilizar as águas residuais tratadas
Melhorar o sistema de distribuição e controlar o desperdício
Desenvolver campanhas para o uso eficiente da água
Promover equipamentos com uso eficiente da água
Cheias e inundações
Melhorar os sistemas de identificação de áreas de risco
Criar áreas de proteção livre de construções às margens dos rios
Usar materiais e tipos de construção resistentes à inundações
Reestabelecer áreas naturais de retenção de água da chuva
Ajustar os sistemas de drenagem à nova realidade de chuvas
Implementar sistemas alternativos de armazenamento de água da chuva
– Adequar o ocupação do solo e as infraestruturas a fenômenos hidrológicos extremas

 

A abrangência da adaptação

Atualmente a mudança climática está sendo considerada em uma variedade de planos de desenvolvimento. Nós abordamos esse tema em um artigo anterior que fala do planejamento urbano como uma ferramenta de adaptação.

O mais importante é entender que adaptar significa reconhecer que o clima está diferente e gerir da melhor forma as suas consequências. Em outras palavras,  isso envolve a gestão de desastres, o uso  e ocupação do solo, a gestão de florestas. de recursos hídricos,  a mobilidade urbana, entre outros.

Por outro lado, além dos impactos, a adaptação engloba o aproveitamento de potenciais oportunidades associadas às mudanças climáticas. Por exemplo, podemos citar o desenvolvimento de tecnologias mais limpas, sistemas que purificam a água, tecnologias de energia renovável, ou até a implementação de novas culturas agrícolas em áreas cujo clima antes não permitia.

As oportunidades geradas pela necessidade de adaptação

Certamente, para aproveitar as oportunidades que têm surgido, o investimento em pesquisa e inovação, e a participação do setor privado são essenciais. Portanto, as responsabilidades de adaptação devem ser partilhadas e assim todo mundo ganha. Mas, acima de tudo, o conhecimento e a informação são a base para o planejamento da melhor forma de aproveitar as oportunidades identificadas.

Em suma, o surgimento de novas tecnologias e de novos modelos de negócios concentrados em baixas emissões de carbono, constituem  um novo caminho para a adaptação às mudanças climáticas. 

Esse é um desafio imenso, que só terá êxito com uma transformação profunda nas formas como o mundo produz, consome e vive. Esse desafio so será vencido se eu, você, e as demais pessoas, além das mais variadas instituições publicas e privadas, nos engajarmos nessa luta, assumindo nossas responsabilidades de adaptação e atuando de forma proativa.

O próximo artigo

No próximo artigo vou abordar como o setor privado tem assimido suas responsabilidades de adaptação e aproveitado as oportunidades de negócios. Além disso, você vai saber o que pode fazer individualmente para reduzir suas emissões e contribuir para superarmos essa crise com mais qualidade de vida e segurança. 

Até lá!

Migrações associadas a desastres climáticos

Migrações associadas a desastres climáticos

Muitas comunidades já têm enfrentado impactos severos de eventos climáticos extremos que provocam verdadeiros desastres. Essa situação têm sido responsável pelo deslocamento de populações, que precisam sair de suas áreas de residência e encontrar novos locais para morar.

Elaboramos um infográfico para que você possa visualizar de que forma as pessoas estão sendo atingidas no mundo e no Brasil.

Para acessar esse material em alta resolução, basta clicar aqui.

O desafio do clima: um dos grandes temas da atualidade

O desafio do clima: um dos grandes temas da atualidade

A mudança global do clima é um dos temas mais discutidos na atualidade em muitos países do mundo. O tema ganha importância pois essa situação afeta direta ou indiretamente a vida de todas as pessoas. A discussão sobre o desafio do clima ainda é tímida no Brasil. Somos afetados por tantas questões sociais e econômicas que as questões ambientais acabam em segundo plano.

Contudo, precisamos lembrar que o clima é responsável pelas condições de sobrevivência de todos os seres vivos do planeta. Isso significa que, à medida que o clima se altera, altera também a disponibilidade de recursos básicos. 

O que poucas pessoas sabem é de que uma pequena variação do clima em nível global pode ser catastrófica. Muitas consequências irreversíveis em alguns sistemas naturais e humanos podem ocorre, e até ameaçar a nossa sobrevivência. Por consequência, os impactos econômicos podem ser gigantescos. 

Por isso eu volto a esse tema.  Essa é tentativa de esclarescer por que essa mudança está sendo tão discutida mundo afora. E faço isso usando uma analogia muito simples: clima e obesidade. Espero contribuir para que mais pessoas entendam a urgência e a gravidade da situação.

O que o desafio do clima nos reserva para próximos anos e décadas?

Infelizmente, as projeções futuras relacionadas às mudanças globais do clima não são favoráveis. Pelo contrário! Em setembro de 2018, os cientistas deram o alerta. Todas as ações internacionais e as medidas adotadas até então pela maioria dos países do mundo não foram eficazes. Ou seja, elas não são capazes de estabilizar o clima de modo a garantir as condições atuais em que vivemos. O clima está mudando a um ritmo acelerado e isso tem gerado efeitos em cadeia, Em suma, quanto mais o tempo passa, pior fica a situação. 

Da mesma forma, uma adaptação natural e reativa dos sistemas naturais aos impactos do clima não é mais possível. Muitas perdas já são irreversíveis. Por essa razão, será cada vez mais necessário o planejamento antecipado de adaptação para enfrentar as consequências e os impactos que podem surgir. Além disso, é preciso preparar os grupos vulneráveis à eventos climáticos extremos.

Nesse sentido, eu entendo que é fundamental o acesso facilitado à informação confiável e de qualidade sobre esse tema. Por isso eu elaborei o e-book “O grande desafio do clima: 12 anos para agir“. Quer conhecer?  Ele está disponível para aquisição! clique aqui.

Como entender o que está ocorrendo com o clima?

Normalmente, quando alguém me pergunta sobre a gravidade e a urgência das mudanças climáticas, eu costumo fazer uma analogia com a obesidade. Acredito que cada um de nós conhece alguém que já passou pela situação que vou expor a seguir.  Penso que isso pode facilitar muito a compreensão do que estou tentando dizer.

Em regra geral, ninguém nasce obeso. E ninguém acorda obeso de um dia para o outro. A obesidade é resultado de um processo lento e gradativo.  À medida que evolui, vai dando pequenos sinais de que está em curso. Além disso, a cada novo quilo assimilado, a dificuldade de emagrecer aumenta. Aos poucos, alguns incômodos que atrapalham o dia a dia são percebidos. A roupa aperta e os movimentos ficam mais lentos e limitados.

Porém, normalmente é o médico, em uma consulta de rotina, quem alerta para o aumento excessivo de peso. Ele recomenda uma visita ao nutricionista. Isso até acontece, mas as orientações deixam de ser seguidas logo depois.

O tempo passa, a numeração das roupas vai aumentando e a adaptação a essa nova situação vai sendo novamente assimilada. Porém, num momento posterior o susto vem. Em exames de rotina, aparece uma doença crônica, por exemplo, a pressão alta ou a diabetes.

Como resultado, são necessários cuidados continuados e mudanças mais profundas nos hábitos de vida. É preciso diminuir o cigarro, praticar exercícios regularmente, aderir a uma dieta especial e ainda tomar remédios de uso continuado. O susto é grande, a adaptação é dura, porém em algum tempo, ao sentir-se bem, a negligência com as recomendações médicas ganha  a luta.

Quando chegar ao futuro torna-se um desafio!

A negligência com as orientações de especialistas pode ser um erro! No caso do obeso, o próximo susto é bem maior! Primeiro surge do nada um infarte, sem aviso. Depois, vem a passagem pela UTI de um hospital, um longo período de recuperação, muito dinheiro gasto e até, em alguns casos, sequelas irreversíveis. Ainda, o médico alerta que foi um caso de risco de morte! Se nada for feito, pode acontecer pior, sem chances de sobrevivência.

Por fim, vem o ultimato: para viver mais alguns anos e acompanhar o crescimento dos netos, é preciso mudar radicalmente os hábitos de vida. Portanto, cigarro e álcool nunca mais! Como resultado, é preciso adotar uma dieta cheia de restrições, fazer exercícios diários, visitar regularmente o médico e tomar continuamente muitos remédios. Essas orientações expressas do médico podem até representar uma catástrofe, mas segui-las é a única opção. Entretanto, se a pessoa for otimista, ela pode ver o lado bom da situação. Ela está tendo uma nova oportunidade de adotar um estilo de vida saudável.

Essa é uma estória muito comum. E ela representa muito bem a evolução das mudanças climáticas.

Mas o que a obesidade tem a ver com o desafio do clima?

Similarmente à obesidade foi a evolução da mudança do clima!  Durante muito tempo, ninguém deu a atenção devida aos avisos dos cientistas. Além disso, muitos céticos duvidaram da ciência e se manifestaram intensamente contra os relatórios científicos apresentados.

Entretanto, em um curto período de tempo, posso dizer que há uma década, a ciência e a tecnologia relacionadas à área das mudanças climáticas deram um salto evolutivo. A situação se inverteu e as provas científicas vieram. Nos últimos anos os estudiosos já conseguiram comprovar com altíssimo índice de confiança os seus alertas. Afinal, o que diziam há mais de 30 anos foi provado. Agora, eles conseguem explicar com muita precisão o que está acontecendo com o clima e, principalmente nos alertar para o que vem pela frente.

Retornando ao caso da pessoa obesa que foi parar na UTI. Pois bem, essa é a situação que estamos vivendo com a mudança do clima! A luzinha vermelha se acendeu!! Por que??? Porque os responsáveis em fazer algo para evitar que as circunstâncias se agravassem, ignoraram, negligenciaram ou agiram tarde de mais.

É claro que costumamos atribuir essa responsabilidade aos governos, apesar de contribuirmos diretamente para chegarmos a essa situação! Contudo, apesar da politica pelo clima ter avançado muito, os avanços não foram suficientes. No capitulo 3 do meu e-book você pode ter uma idéia da evolução política das mudanças climáticas, tanto em nível global, como em nível nacional. Você vai entender a dificuldade da comunidade internacional em estabelecer acordos climáticos e especialmente de alguns países em cumprí-los. Como resultado da falta de vontade política e do atraso nas ações, agora teremos todos que enfrentar um desafio nunca antes visto pela humanidade.  

E qual é o tamanho do desafio?

Nos últimos meses vimos diversas manifestações mundo afora de estudantes pelo clima. Da mesma forma, nos últimos dias muitos países decretaram emergência climática e decidiram priorizar o combate à mudança climática em suas politicas públicas. 

E por que isso tem ocorrido? Por que em nível global, as emissões de gases de efeito estufa (causa do aquecimento global) continuam aumentando, apesar dos esforços de muitos países em diminuir as suas emissões. Desse modo, no ritmo que estamos, as previsões dos cientistas apontam que vamos atingir até 2030 a marca de um acréscimo da temperatura global de 1,5°C acima da temperatura pré industrial.

Esse valor foi considerado pelos cientistas em 2018 o limite de segurança climática. Caso esse limite seja ultrapassado, as reações em cadeia devem se intensificar e provocar impactos catastróficos para toda a sociedade.

No meu e-book, no capítulo 4 eu explico por que ocorrem essas reações em cadeia. Em suma, são várias interações entre os diferentes componentes do sistema climático. Quando um dos componentes se altera, as reações dos demais componentes se multiplicam, intensificando o fenômeno como um todo.

Por outro lado, a evolução da ciência já permitiu  atribuir à mudança do clima uma série de impactos que estão sendo sentidos mundo afora. Eu mostro uma série de exemplos disso no capítulo 5 do e-book.  Além disso, lá eu apresento uma comparação entre os impactos previstos nos sistemas ecológicos com o acrescimo de 1,5°C e de 2°C acima dos parâmetros pré-industriais. É essa comparação que dá a ideia da gravidade e da urgência da situação.

Afinal, temos saída?

A situação é complexa. Os novos estudos mostram que precisamos reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa até 2030. Isso significa nos livrarmos da dependência de petróleoalterarmos a nossa matriz energética para fontes renováveis. Ou seja, o mundo tem o prazo de até 12 anos para fazer o que não fez nos últimos quarenta anos. Como você pode perceber, temos pela frente um desafio sem precedentes

A boa notícia é que ainda dá tempo! Basta olharmos para essa situação de forma positiva! Apesar dos muitos riscos a que estaremos expostos, esse desafio traz em si uma grande oportunidade de fazermos diferente. E já tem muita gente que percebeu isso! Como consequência, novas tecnologias e oportunidades de negócios tem girado em torno desse desafio, estimulando a iniciativa privada a assumir a sua parcela de responsabilidade. A questão agora é o tempo!!! Quanto mais pessoas se conscientizarem disso, mais tranquila pode ser essa transição.

Portanto, está mais do que na hora de indivíduos, comunidades, governos, instituições e iniciativa privada, conhecerem melhor a realidade e urgência dessa situação.  Um engajamento sério e responsável de todos pode fazer a diferença na luta pelo bem-estar e segurança de todos. 

Se você tiver interesse ter uma visão mais abrangente do assunto, dá uma olhada no e-book: “O grande desafio do clima: 12 anos para agir”.  Procurei desenvolver um material completo, que relaciona causa e efeito, com informação de base científica, em uma linguagem acessível e com uma proposta aplicável, cheia de exemplos,